sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Resenha: Crer é Também Pensar - John R. W. Stott




STOTT, John W. Crer é também pensar. Tradução de Paula Mazzini Mendes. 2.ed. São Paulo: ABU Editora, 2012

John Stott é conhecido no mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista. Foi pastor da igreja anglicana All Souls Church, em Londres, capelão da rainha da Inglaterra e fundador do London Institute for Contemporary Christianity. Foi indicado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo. John Stott faleceu no dia 27 de julho de 2011.

Nesta pequena obra, John Stott procura combater o anti-intelectualismo cristão que cada vez mais ganha espaço dentro da igreja. Muitos são aqueles que possuem uma fé completamente vazia de razão, e outros são os possuidores de uma profunda compreensão da verdade, mas desconhecem o amor e a piedade. Stott quer que encontrar um equilíbrio entre estas duas tensões.

No capitulo primeiro, Stott inicia fazendo alusão ao texto de Paulo em Romanos 10.2, afirmando temer que o mesmo possa ser dito sobre alguns cristãos hoje. Para ele, existe uma onda de anti-intelectualismo em todos os meios, inclusive na igreja. Stott dá alguns exemplos: os ritualistas (católicos), que valorizavam o desempenho da igreja ignorando o pensamento, os ativistas ecumênicos, que substituem a doutrina pela reforma social, e os pentecostais, que supervalorizam a experiência, ignorando o pensar. Para o autor, todas essas expressões mostram a mesma coisa: uma onda de querer evitar a mente dada por Deus.

No capítulo segundo, Stott passar a mostrar as razões, cristãs e seculares, pelas quais se deve usar a mente. Para ele, pode-se utilizar quatro grandes temas do cristianismo para justificar o uso da mente. Na criação o homem foi feito com capacidade de pensar. Ele é diferente dos animais, pois Deus se relaciona com ele, pressupondo uma racionalidade. Na revelação, Deus decidi se relevar, pressupondo que a criatura usa a mente para entender essa revelação, tanto a geral como a especial. As Escrituras, particularmente, foram reveladas de maneira escrita, portanto, a mente é indispensável. A redenção é quando Jesus restaura o homem por inteiro, incluindo a mente. Por fim, o julgamento mostra que Deus julgará os homens baseado em suas respostas à revelação de Deus. Stott mostra como o conhecimento é importante tanto no AT como no NT.

No capítulo três, Stott passa a considerar como Deus espera que o cristão use sua mente em sua vida. Ele cita seis aspectos da vida cristã que devem ser vividas com o uso da mente. A primeira é a adoração. A adoração é uma resposta inteligente à revelação de Deus. Para adorar a Deus, pressupõe conhecimento de Deus.  O segundo aspecto é a fé. Ao contrário do que se pensa, fé caminha junto da razão. Ter fé, é confiar racionalmente em Deus. Outro aspecto é a santidade. A busca pela santidade também necessita do uso da mente. É preciso saber como Deus deseja que o cristão seja e empresar o uso da mente na vitória contra o pecado. A orientação é outro aspecto da vida cristã. A mente deve ser usada para a tomada de decisões na vida. Há coisas específicas que Deus não revela o melhor caminho. É por meio da mente, da sabedoria, que virá a decisão. O evangelismo também necessita do uso correto da mente. Portanto, se é por meio do anúncio do evangelho que pessoas serão salvas, isso pressupõe que existe um conteúdo a ser transmitido. Paulo diz que ele procura “persuadir” os homens. Persuadir significa apresentar argumentos que possam convencer as pessoas. Isso é um exercício intelectual. O último aspecto é o uso da mente no ministério cristão. Segundo Stott, os dons e ministérios que devem ser buscados devem ser os de ensino. Isso se aplica principalmente no ministério dos presbíteros e no ministério pastoral.

Por fim, no capítulo quarto, John Stott trabalha o outro extremo, o hiperintelectualismo. O conhecimento nunca é um fim em si mesmo e não pode se desvencilhar da prática. O verdadeiro conhecimento leva o cristão a adorar, a ter fé, à santidade e ao amor. O coração deve arder pelas verdades. Stott reitera que é preciso sempre de mais conhecimento, desde que se faça algo com ele.

Apesar de ser pequeno e bastante sucinto o livro é profundo em sua aplicação. Mesmo escrito em 1972, o tema é atualíssimo. É como se John Stott estivesse falando hoje. O problema levantado é seríssimo e precisa ser levado em consideração. É um material indispensável na instrução dos crentes, principalmente para os novos na fé.

O livro é para todo o público cristão. Ninguém deveria ficar fora da lista para lê-lo. Ele pode ser muito bem estudado em classes de escola dominical de todas as idades.


Jefferson Lemos de Almeida é seminarista no Seminário Presbiteriano Brasil Central. Fez o curso de evangelista pelo IBEL (Instituto Bíblico Eduardo Lane) e é bacharel em teologia pela FTSA – Faculdade Teológica Sul Americana. Trabalha como evangelista na Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Verde/GO desde 2013