STOTT, John W. Crer é também pensar. Tradução de Paula
Mazzini Mendes. 2.ed. São Paulo: ABU Editora, 2012
John Stott é conhecido no
mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista. Foi pastor da igreja
anglicana All Souls Church, em Londres, capelão da rainha da Inglaterra e
fundador do London Institute for Contemporary Christianity. Foi indicado pela
revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo. John
Stott faleceu no dia 27 de julho de 2011.
Nesta pequena obra, John
Stott procura combater o anti-intelectualismo cristão que cada vez mais ganha
espaço dentro da igreja. Muitos são aqueles que possuem uma fé completamente
vazia de razão, e outros são os possuidores de uma profunda compreensão da
verdade, mas desconhecem o amor e a piedade. Stott quer que encontrar um
equilíbrio entre estas duas tensões.
No capitulo primeiro,
Stott inicia fazendo alusão ao texto de Paulo em Romanos 10.2, afirmando temer
que o mesmo possa ser dito sobre alguns cristãos hoje. Para ele, existe uma
onda de anti-intelectualismo em todos os meios, inclusive na igreja. Stott dá
alguns exemplos: os ritualistas (católicos), que valorizavam o desempenho da
igreja ignorando o pensamento, os ativistas ecumênicos, que substituem a
doutrina pela reforma social, e os pentecostais, que supervalorizam a
experiência, ignorando o pensar. Para o autor, todas essas expressões mostram a
mesma coisa: uma onda de querer evitar a mente dada por Deus.
No capítulo segundo,
Stott passar a mostrar as razões, cristãs e seculares, pelas quais se deve usar
a mente. Para ele, pode-se utilizar quatro grandes temas do cristianismo para
justificar o uso da mente. Na criação o homem foi feito com capacidade de
pensar. Ele é diferente dos animais, pois Deus se relaciona com ele,
pressupondo uma racionalidade. Na revelação, Deus decidi se relevar,
pressupondo que a criatura usa a mente para entender essa revelação, tanto a
geral como a especial. As Escrituras, particularmente, foram reveladas de
maneira escrita, portanto, a mente é indispensável. A redenção é quando Jesus
restaura o homem por inteiro, incluindo a mente. Por fim, o julgamento mostra
que Deus julgará os homens baseado em suas respostas à revelação de Deus. Stott
mostra como o conhecimento é importante tanto no AT como no NT.
No capítulo três, Stott
passa a considerar como Deus espera que o cristão use sua mente em sua vida.
Ele cita seis aspectos da vida cristã que devem ser vividas com o uso da mente.
A primeira é a adoração. A adoração é uma resposta inteligente à revelação de
Deus. Para adorar a Deus, pressupõe conhecimento de Deus. O segundo aspecto é a fé. Ao contrário do que
se pensa, fé caminha junto da razão. Ter fé, é confiar racionalmente em Deus.
Outro aspecto é a santidade. A busca pela santidade também necessita do uso da
mente. É preciso saber como Deus deseja que o cristão seja e empresar o uso da
mente na vitória contra o pecado. A orientação é outro aspecto da vida cristã.
A mente deve ser usada para a tomada de decisões na vida. Há coisas específicas
que Deus não revela o melhor caminho. É por meio da mente, da sabedoria, que
virá a decisão. O evangelismo também necessita do uso correto da mente.
Portanto, se é por meio do anúncio do evangelho que pessoas serão salvas, isso
pressupõe que existe um conteúdo a ser transmitido. Paulo diz que ele procura
“persuadir” os homens. Persuadir significa apresentar argumentos que possam
convencer as pessoas. Isso é um exercício intelectual. O último aspecto é o uso
da mente no ministério cristão. Segundo Stott, os dons e ministérios que devem
ser buscados devem ser os de ensino. Isso se aplica principalmente no
ministério dos presbíteros e no ministério pastoral.
Por fim, no capítulo
quarto, John Stott trabalha o outro extremo, o hiperintelectualismo. O
conhecimento nunca é um fim em si mesmo e não pode se desvencilhar da prática.
O verdadeiro conhecimento leva o cristão a adorar, a ter fé, à santidade e ao
amor. O coração deve arder pelas verdades. Stott reitera que é preciso sempre
de mais conhecimento, desde que se faça algo com ele.
Apesar de ser pequeno e
bastante sucinto o livro é profundo em sua aplicação. Mesmo escrito em 1972, o
tema é atualíssimo. É como se John Stott estivesse falando hoje. O problema
levantado é seríssimo e precisa ser levado em consideração. É um material
indispensável na instrução dos crentes, principalmente para os novos na fé.
O livro é para todo o
público cristão. Ninguém deveria ficar fora da lista para lê-lo. Ele pode ser
muito bem estudado em classes de escola dominical de todas as idades.
Jefferson Lemos de Almeida é seminarista no Seminário Presbiteriano
Brasil Central. Fez o curso de evangelista pelo IBEL (Instituto Bíblico Eduardo
Lane) e é bacharel em teologia pela FTSA – Faculdade Teológica Sul Americana.
Trabalha como evangelista na Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Verde/GO
desde 2013