segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Uma lembrancinha aos evangélicos que condenam e criticam as igrejas organizadas históricas...


"Elas têm erros, é claro, e falharam em muitas coisas. Mas tem outras que não podemos esquecer, só por uma questão de justiça.
As igrejas históricas organizadas dos Estados Unidos e Europa mandaram os primeiros missionários que vieram ao Brasil trazendo o Evangelho de Cristo, que hoje abençoa milhões de brasileiros, inclusive os evangélicos que condenam as igrejas organizadas.
As igrejas históricas organizadas criaram e sustentam as sociedades bíblicas que traduziram a Bíblia do grego e do hebraico para o português, permitido assim que hoje milhões de brasileiros que não lêem nem grego e nem hebraico leiam a Palavra de Deus em português, inclusive os evangélicos que criticam as igrejas organizadas.
As igrejas organizadas, históricas e pentecostais, criaram ou contribuíram para a criação das editoras evangélicas que publicam milhares de bons livros evangélicos hoje que beneficiam e ajudam no crescimento espiritual de milhões de evangélicos brasileiros, inclusive aqueles que rejeitam as igrejas organizadas.
As igrejas organizadas lutaram pela liberdade religiosa no Brasil no tempo em que era império e só havia liberdade de culto para os católicos, de forma que milhares de protestantes podem hoje cultuar a Deus livremente, incluso aqueles que consideram as igrejas organizadas como sinagoga de Satanás.
As igrejas organizadas, históricas e pentecostais, criaram e sustentam até hoje no Brasil centenas de hospitais, abrigos de idosos, orfanatos, creches e escolas que atendem milhões de brasileiros, inclusive evangélicos que odeiam as igrejas organizadas."


Augustus Nicodemus Lopes


fonte: https://goo.gl/AVbGQK

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Tentações da Missão Integral

1. Ignorar o chamado à evangelização do mundo.
Obsessão com a injustiça social em detrimento da preocupação com a injustiça pessoal. A primeira, inviabiliza a relação do homem com o seu semelhante. A segunda, inviabiliza a relação do homem com o seu Criador.

2. Perder de vista o fato de que o pobre é pecador.
A pobreza não é virtude. Não torna o ser humano imune ao pecado. Responsabilidade diminuída não é o mesmo que responsabilidade eliminada.

3. Relativizar o aspecto privado da ética cristã.
Vivi muito essa tentação. Você chega de uma favela na qual dez foram executados. Descobre na cidade esquema de corrupção que sangra os cofres públicos e impede verba pública de chegar às áreas carentes. Percebe o lado hediondo do sistema econômico. Toma conhecimento das relações de poder. A vontade é de circunscrever o pecado a apenas esse tipo de maldade monumental.

4. Tornar-se marxista.
O marxismo é uma religião secular profundamente atraente para o militante da missão integral. Por falar muito em injustiça social, pode levar o cristão sincero a não perceber que o que prescreve como solução aos males do capitalismo não é tão bom quanto à crítica que faz às injustiças do capitalismo. Nunca devemos nos esquecer do fato que o marxismo vê Cristo, moral cristã, céu, Bíblia, igreja, culto, como frutos de relações econômicas sem nenhum fundamento na realidade dos fatos. Jogo de poder puro. Os detentores do poder usando a religião para justificar a opressão do trabalhador. Marx se enganou. Weber o corrigiu. A pregação do evangelho acompanhada de ensino sólido, que mostre as implicações político-sociais do cristianismo, pode liberar energia capaz de levar cristãos verdadeiros a lutarem tanto contra totalitarismo de direita, quanto contra totalitarismo de esquerda. E isso a partir da mais alta motivação possível: a glória de Deus.

5. Pregar de modo soberbo e amargo.
Viver a insultar quem pensa de modo diferente, julgar que quem não vê a vida em termos de luta de classe trabalha para o sistema de exploração do pobre, desmerecer o trabalho de crentes fiéis que ainda não entenderam os pressupostos teológicos da missão integral. Cuspirem no próprio prato, pois muitos foram levados a Cristo por pregadores que nada sabiam sobre missão integral.

6. Pastorear igreja que não cresce e não se perturbar com isso.
Chegar à conclusão que a igreja não aumenta em número porque sua mensagem representa verdadeiro golpe nas ambições da burguesia, quando na verdade a igreja deixou de batizar pessoas pelo fato de o pregador não anunciar mais o evangelho, deixando de conclamar a igreja a levar as boas novas aos que não sabem para aonde vão depois da morte.

7. Usar o púlpito para falar desmedidamente sobre política.
Tornar-se monotemático. Mandar no culto de domingo mensagem para a classe governante. Falar sobre o que pouco conhece. Deixar de pregar expositivamente. Permitir que a pregação seja mais pautada pelo jornal do que pela Bíblia.

8. Acreditar que pelo fato de pregar sobre o pobre está servindo ao pobre.
Dar voz a quem não conhece. Falar sobre pobreza sem estar na favela. Pregar mensagem que nem o pobre entende. Deixar o pobre só, nas ocasiões em que ficar do lado dele representa risco de vida.

9. Envolver-se com política partidária.
Essa é uma coisa que o membro da igreja pode fazer. Mas, como fica a vida de um pregador que usa da sua influência para levar pessoas a aderirem ao seu partido político numa igreja na qual pessoas das mais diferentes linhas ideológicas congregam? Como evitar que seu compromisso com a justiça não seja contaminado pela sua preferência partidária?

10. Ser mais versado em ciência política do que em teologia sistemática.
A igreja espera ter como pastor um pregador bom de Bíblia. Capaz de fazer leitura sobre as demais disciplinas do pensamento a partir do enquadramento intelectual da boa teologia sistemática, que tem a teologia bíblica como fundamento. Se a sua paixão é ciência política e não a exposição das Escrituras, largue o púlpito, pois nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.


Antônio Carlos Costa


Fonte: https://goo.gl/arsqwj

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O público-alvo e o marketing dentro da igreja.


A filosofia de marketing, motriz de muitas igrejas, além de pregar que o "produto" (no caso o evangelho) precisa se adequar aos clientes (no caso os evangelizados), ensina também que escolher um público-alvo é uma excelente estratégia para o crescimento de uma igreja. É preciso pesquisar para saber a quem você quer ministrar, assim não vamos "desperdiçar recursos com pessoas que não necessitam ou não têm interesse por seu produto..."[1] Em outras palavras, saber o seu público-alvo o ajudará a trabalhar de maneira mais focada evitando gastos com outras pessoas.

Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com propósitos, dá estratégias de marketing para você descobrir seu público alvo. Ele fala de aspectos geográficos, demográficos, culturais e espirituais.[2] Assuntos como renda, idade e ocupação precisam ser analisados segundo ele.[3] Tudo isso é feito com o propósito de agradar as pessoas. A igreja deve ser construída exatamente para aquele público-alvo. Músicas, pregação e estilo são padronizadas para o grupo escolhido, assim, eles se sentirão em casa. Perceba que o agradar as pessoas está sempre na pauta desses ministérios. Veja o que Warren diz:
Imagine o que aconteceria com uma estação de rádio que tentasse atingir o gosto musical de todas as pessoas. Uma igreja que alternasse sua programação entre clássico, heavy metal, sertanejo, rap, reggae e samba acabaria desagradando a todos [4]
Engraçado é que ele também afirma que "não devemos criticar o que Deus está abençoando"[5]. Típico desse movimento vitimista que não consegue ser confrontado com a Palavra de Deus. Para piorar há quem diga que este é um bom livro sobre eclesiologia.

O mais estranho para mim, é que isso tudo se assemelha a uma empresa qualquer. Estudar para melhor agradar é papo de empresário. A igreja não pode ser "amigável", pois o evangelho é loucura para os que se perdem (1Co 1.18). Não há como adequar o evangelho (produto) para um público. Também não há como escolher o melhor alvo, já que o mesmo precisa ser anunciado a todas as pessoas. Paulo afirmou que era "devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes" (Rm 1.14). Ele não tinha compromisso com um único grupo de pessoas. Independentemente se eram ricos ou pobres, sábios ou incultos, Paulo sentia a obrigação de anunciar o evangelho a todos. Quando leio que o evangelho é "poder de Deus" (Rm 1.16), entendo que somente ele é o poder de Deus. Técnicas, estratégias e tudo mais, não constituem o poder de Deus. Como diria MacArthur: "É difícil encontrarmos uma filosofia de ministério mais contrária à Palavra de Deus do que esta". [6]

Quero deixar claro que essas pesquisam tem como objetivo fazer uma igreja ao gosto do freguês. Isso é inaceitável. Ela é feita para agradar. Por outro lado, existem outros tipos de pesquisas para melhor entender a cultura e para que a aproximação seja mais eficaz. O que é totalmente diferente de uma pesquisa de marketing para moldar o evangelho ao desejo dos ouvintes. Portanto, não dá para orientar um ministério à luz da filosofia de marketing. Escolher a quem pregar é demais.

Termino com as palavras de Tiago:
Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas [...] Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam? [...] Se, todavia, fazei acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores. (Tg 2.1,5,9) 

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[1] GEORGE BARNA apud MACARTHUR, 2014, p.145
[2] WARREN, 2001, p. 161-169
[3] ibid., p.165
[4] ibid., p.159 (grifo nosso)
[5] ibid., p.158
[6] MACARTHUR, 2014, p.145


BIBLIOGRAFIA


MACARTHUR, John. Com vergonha do evangelho: quando a igreja se torna como o mundo. São José dos Campos: FIEL, 2014. 287 p.
WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósitos. Tradução de Carlos de Oliveira. 2.ed. São Paulo: Vida, 2001. 392p.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O caráter precede a ação!

Alguns anos atrás fiz uma série de exposições sobre o ofício de diácono em minha igreja. O motivo é que a mesma estava passando por um processo de eleição. Decidi que estudaria o tema e procuraria expor as Escrituras, enfatizando o ofício do diaconato, com o propósito de orientar a igreja e os próprios candidatos. Ao estudar o tema, fiquei surpreso, e acabei tirando uma das lições mais preciosas que poderia ter tirado naquela semana: o caráter precede a ação. Sim! Você primariamente precisa ser antes de fazer.
Biblicamente falando, você encontra pouca ênfase sobre o que os diáconos deveriam fazer, mas sobre suas qualidades e quem eles deveriam ser, o Novo Testamento está recheado de conteúdo. Em Atos 6.1-6, por exemplo, temos o famoso caso da instituição dos diáconos. Sem entrar em muitos detalhes do texto, os diáconos surgiram por causa de um pequeno problema de cunho social na igreja. O problema era a distribuição diária de alimentos. Os helenistas reclamaram que suas viúvas estavam sendo esquecidas nessa distribuição. Os apóstolos, com sabedoria, decidiram dividir o trabalho, já que eles não poderiam abrir mão do que é primordial: pregação e oração. Daí surge os diáconos. Veja que o texto segue e não dá mais nenhuma ênfase ao que os diáconos deveriam fazer, mas sim ao que eles deveriam ser. O registro diz que eles deveriam ser:“homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (v.3). Quanto a escolha de Estevão, suas qualidades foram enfatizadas.

Seguindo o mesmo raciocínio, outro texto interessante é o de Timóteo 3.1-13, que não fala apenas dos diáconos, mas também dos presbíteros. Olhando com cuidado para o texto, você vê Paulo falando com frequência sobre o caráter e sobre as qualidades que os presbíteros e os diáconos devem ter. Nos versos 2,3, praticamente tudo que Paulo fala é sobre caráter e pouco sobre as atividades que um presbitério deveria exercer, talvez a exceção seria o “apto para ensinar”, mostrando o dever dos presbíteros para com o ministério de ensino. Sei que alguns podem discordar, mas uma coisa é certa, Paulo enfatiza mais o caráter do que propriamente os deveres dos presbíteros para com seu ofício.
No caso dos diáconos a coisa fica ainda mais clara. Dos versos de 8-13 você não encontra nada sobre o que os diáconos devem fazer. Paulo não fala que eles deveriam cuidar das viúvas, que deveriam fazer cestas básicas para os mais necessitados; ele não fala nada quanto ao cuidado com as estruturas da igreja; e por aí vai. Porém, Paulo gasta todo o seu discurso sobre os diáconos falando sobre o caráter deles. Veja:“respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância...” (v.8).
A conclusão simples é que as Escrituras enfatizam mais as qualidades e o caráter, do que propriamente o serviço que eles exercem. Que fantástico! O ser recebe mais ênfase do que o fazer. Depois de meditar sobre essa ideia, encontrei respostas para muitas perguntas que tinha sobre o motivo de muitos oficiais não terem tido uma boa experiência. Eles eram “bons” e até competentes. Mas, não tinham as qualidades necessárias.

É claro que o ser não exclui o fazer. Um não é mais importante que o outro. Mas perceba! Quantas vezes queremos mostrar serviço e poucas vezes queremos ser quem deveríamos. Nos preocupamos muito mais com o que devemos fazer (externo) do que com o que deveríamos ser. Numa eleição de diáconos e presbíteros você consegue perceber isso. Os futuros candidatos já chegam apressados em você querendo saber o que eles devem e podem fazer, e é muito comum ver poucos se preocupando com o ser. Ser? Ser um bom esposo. Ser honesto e amoroso. Ser crente e um estudioso da Palavra.

E que seja assim daí em diante, procurando ser antes mesmo de fazer.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Por que somos tão superficiais em nossas pregações?

John MacArthur, em seu excelente livro "Com Vergonha do Evangelho", publicado pela editora Fiel, faz um alerta contra uma filosofia que ganhou muito espaço no meio evangélico, o pragmatismo. Embora o livro tenha sido escrito a mais de 20 anos atrás, o tema é atualíssimo. O pragmatismo é uma filosofia que foca na utilidade de algo. O valor de uma coisa ou ação, é determinado pelas suas consequências, ou seja, se a ação funciona, obviamente ela é boa. Aplicando isso à igreja, se uma estratégia ou projeto der certo, independente se ele é correto ou não, ele é bom, pois atingiu o objetivo final. O pragmatismo é uma filosofia perigosa, mas não quero me deter à ela, quero me deter a uma outra filosofia que já se estabilizou no seio da igreja, e anda de mãos dadas com o pragmatismo. A chamamos de:  filosofia de marketing. 

A filosofia de marketing, não só ganhou muito espaço no evangelicalismo, como é o carro chefe para qualquer ministério. O lema é: o "cliente" é o mais importante e o verdadeiro patrão, ele é quem dita as regras. O importante é agradar e alegrar o ouvinte e/ou visitante. Qualquer tema que possa de alguma maneira assustá-lo, deve ser descartado, como por exemplo, o inferno. "Aqui não há fogo nem enxofre. Nada de pressionar as pessoas com a Bíblia. Apenas mensagens práticas e divertidas" (MACARTHUR, 2014, p.47). Resumindo, a preocupação central é com agradar as pessoas, entretê-las e deixá-las felizes. Um compromisso sério com a Palavra de Deus, de expô-la integralmente, tem sido cada vez mais raro nos nossos dias. O que determina um ministério, atualmente, são as pessoas e não Deus e Sua Palavra.

Isso pode parecer estranho para alguns que negam, até a morte, que não são direcionados pela filosofia de marketing. Entrementes, ela está mais presente do que se imagina.
Tomemos por exemplo o título do nosso presente artigo. Veja se não são as pessoas que regem o que os pregadores falam nos púlpitos. Temas são evitados para que as pessoas não se sintam desconfortáveis. Assuntos difíceis não são nem lembrados, já que as pessoas não gostam e não entendem. Estudos bíblicos e profundos são ignorados para que ninguém durma na hora da exposição. O medo que um pastor tem de ser taxado como "chato" e "prolixo" é mais importante que o medo de deixar de anunciar "todo o desígnio de Deus" (At 20.27). O importante é ver os sorrisos nos rostos e a alegria pós-culto.

Ao meu ver, está é razão pela qual somos tão superficiais em nossas pregações e estudos bíblicos. Temos medo de desagradar as pessoas. Medo de afastá-las. Entrementes, se foi de fato Cristo que a trouxe para a comunhão, ela ficará ali por causa de Cristo, e não por outros motivos.
Recentemente, fiz uma série de aulas sobre hermenêutica em minha classe de Escola Bíblica Dominical. Fui encorajado por um amigo a aplicar uma prova, para avaliar o aproveitamento e incentivá-los ao estudo. Retruquei afirmando que tinha medo, pois em nossa classe há pessoas muito jovens. Ele afirmou que os nossos jovens e adolescentes sofrem muito mais na escola. A lógica é a seguinte: lá fora você precisa estudar e se esforçar para aprender se não você não será ninguém na vida - já na igreja perdemos tempo entretendo as pessoas e depois queremos que elas sejam maduras na fé.

Por fim, não devemos ser norteados pelo que as pessoas querem ouvir, mas pelo que Deus quer falar. As Escrituras precisam dirigir o nosso ministério. Peguemos o conselho do Apóstolo Paulo a Timóteo: "prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina", 2Tm 4.2. Não deixemos nos dominar por aqueles que sentem coceira nos ouvidos (2Tm 4.3), e preguemos para a Glória de Deus. Vimos hoje apenas um estrago que a filosofia de marketing tem causado à igreja, e ela tem feito muito mais. Mas por enquanto é isso.

Obrigado!



MACARTHUR, John. Com vergonha do evangelho: quando a igreja se torna como o mundo. São José dos Campos: FIEL, 2014. 287 p.